Um grupo de pesquisadores (Bodinham et al., 2012) da Universidade de Surrey, Inglaterra, conduziu um interessante estudo sobre o efeito do amido resistente na secreção insulínica, com ênfase na sua ação na primeira fase de secreção. Estudo anterior já havia demonstrado efeitos desta fibra dietética no aumento da sensibilidade à insulina, na melhora no clearance hepático de insulina e menor resposta insulínica pós prandial.
Doze indivíduos com sobrepeso, com risco de desenvolver diabetes tipo 2 por apresentarem resistência à insulina, participaram do estudo randomizado, duplo-cego por quatro semanas, consumindo um composto contendo 40g de amido resistente ou placebo (isoenergético e isoglicídico). No fim de cada período de intervenção foi possível verificar que as concentrações de insulina e peptídeo-C estavam significativamente maiores após o consumo de amido resistente e a primeira fase da secreção da insulina estava significativamente aumentada (36% a mais em relação ao placebo). Também foi observada tendência a melhor efetividade glicêmica. Os resultados aconteceram sem mudanças no peso, nos hábitos alimentares e lipídios sanguíneos.
A perda da primeira fase de secreção insulínica está presente no diabetes tipo 2 e intervenções dietéticas como esta podem ter importantes implicações clínicas. O aumento na secreção observado é semelhante ao verificado com o uso das sulfoniluréias, indicando que o amido resistente potencialmente pode auxiliar na prevenção da progressão da intolerância à glicose para o diabetes tipo 2. Os autores ressaltam que são necessários mais estudos para entender os mecanismos de ação do composto com amido resistente e seus efeitos em portadores de diabetes tipo 2.
O amido resistente caracteriza-se por ser um componente alimentar resistente à digestão sendo fermentado no intestino grosso, especialmente pelas bifidobactérias, sendo em função disto um importante prebiótico. Já foi bem demonstrado que alimentos contendo amido resistente apresentam menor índice glicêmico, com implicação também na saciedade. Este componente é encontrado naturalmente em alimentos como feijões, ervilha, grão de bico, sementes e grãos. Uma fonte importante de amido resistente é a banana verde, cujo os benefícios têm sido mencionados em artigos anteriores. Além de estar presente nos alimentos, a indústria alimentícia vem desenvolvendo compostos com amido resistente que podem ser adicionados aos produtos, melhorando a qualidade dos mesmos.
Embora com um número de participantes relativamente pequeno o estudo vem corroborar com os achados anteriores sobre o tema, apontando para mais uma ação benéfica do amido resistente.
Dra. Anelena Seiffarth
Nutricionista Especialista em Nutrição Clínica
Fonte: www.diabetes.org.br
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