Brasil registra aumento dos casos de diabetes em mulheres

Crédito da foto: UConn Rudd Center for Food Policy & Obesity
Crédito da foto: UConn Rudd Center for Food Policy & Obesity

Apesar de não distinguir sexo e acometer homens e mulheres, levantamento recente do Ministério da Saúde apontou um dado alarmante: o número de casos de diabetes em mulheres saltou de 6,3% para 9,9%, entre 2006 e 2016, contra índices de 4,6% e 7,8% registrados entre os homens no mesmo período. Como até 80% dos pacientes com diabetes morrem em decorrência de problemas cardiovasculares (como por exemplo, infarto e derrame), a notícia preocupa por se tratar de um sério problema de saúde pública, avisa o cardiologista Rodrigo Noronha.

– A doença de origem metabólica ainda é um pouco mais incidente nos homens, mas, no Brasil, o cenário é diferente, remetendo a um questionamento inevitável: por que as brasileiras têm dominado os diagnósticos do diabetes?

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Existe uma série de causas para essa prevalência: a maioria está relacionada ao modo de vida de cada indivíduo. Para o médico, o fato de as mulheres acumularem funções e estarem sobrecarregadas interfere negativamente neste cenário.

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Além de cuidar da família e das tarefas domésticas, mesmo que as coordenando à distância, a mulher concentra cada dia mais tarefas e ainda está inserida no mercado de trabalho.

– Com essa agenda atribulada, o estresse é inevitável e vem acompanhado do aumento do consumo de comidas industrializadas, devido à própria correria do dia a dia, o que pode levar à obesidade. A falta de atividade física regular também piora a situação.

Além disso, relata o especialista, quando as mulheres descobrem o diabetes, em geral, já estão com os demais fatores de risco da patologia em estágios avançados.

– Além dos quilos extras e da vida sedentária, elas, em geral, já apresentam níveis alterados do colesterol e de triglicérides, quadro de hipertensão arterial e acumulam a temida gordura visceral.

Para ter uma ideia: pesquisa do Ibope Inteligência indicou que menos da metade dos entrevistados, apenas 42% das pessoas citaram as doenças cardíacas como as consequências mais relevantes do diabetes, e, mesmo entre as pessoas já diagnosticadas com a doença, somente 56% delas fizeram essa associação.

O próprio envelhecimento, por outro lado, também pode explicar esse crescimento do diabetes entre as mulheres, afinal a expectativa de vida aumentou nos últimos anos.  Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento da expectativa média de vida para o brasileiro foi de 74,9 anos para 75,2 anos, entre 2013 e 2014. E o que nem todo mundo sabe é que as alterações hormonais comuns na menopausa não só multiplicam os riscos para o diabetes tipo 2, como consequentemente tornam as mulheres mais suscetíveis ao desenvolvimento das doenças do coração.

– Isso ocorre porque o estrógeno, hormônio feminino que sofre uma queda progressiva durante o climatério, tem efeito protetor tanto para o diabetes como para as doenças cardiovasculares. Além de função vasodilatadora, o estrógeno evita o acúmulo do LDL (colesterol ruim) e aumenta o HDL (colesterol bom).

Portanto, além de incluir atividade física regular no cotidiano, e optar por uma dieta equilibrada, rica em vegetais, grãos, pouca gordura e carboidratos, as mulheres devem se informar mais sobre a patologia, procurando um médico para que possam entender a relação entre o diabetes e o coração.

– Assim fica mais fácil identificar o diabetes tipo 2 o quanto antes, evitando os malefícios mais graves trazidos pela patologia, como as doenças cardíacas.

 

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