Contagem de carboidratos


Warning: Attempt to read property "post_excerpt" on null in /home/diabetescenter/blog.diabetescenter.com.br/wp-content/themes/vlog/template-parts/formats/image-classic.php on line 7

Contagem de carboidratos – mais flexibilidade na alimentação

Os carboidratos são a base da alimentação humana e geralmente recomenda-se que em torno de 50 a 60% das calorias consumidas diariamente provenham dos carboidratos, pois são a fonte de energia para manutenção de nossa sobrevivência.

Para as pessoas com diabetes, um dos principais tratamentos utilizados é a contagem de carboidratos. Para falar sobre este assunto, convidamos a nutricionista Maristela Bassi Strufaldi, educadora em Diabetes pelo International Diabetes Federation (IDF), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Associação de Diabetes Juvenil (ADJ).

Portal De Bem com a Vida: Como funciona o sistema de digestão da glicose?

A glicose (carboidrato) é considerada fonte primária de energia para o organismo, responsável pelo fornecimento do combustível para o cérebro, medula, nervos periféricos e células vermelhas do sangue. Grande parte dos alimentos que ingerimos é hidrolisada (quebrada) em pequenas partículas, sendo transformada em glicose e esta, disponibilizada na corrente sanguínea para ser distribuída por todo o organismo, produzindo energia. E como isso acontece?

Quando ingeridos, os carboidratos estão sob forma de polissacarídeos e dissacarídeos que necessitam ser hidrolisados (quebrados) em açúcares simples para serem absorvidos. A digestão dos carboidratos, assim como de outros nutrientes, inicia-se na boca com a mastigação, que fraciona o alimento e o mistura com a saliva. Durante esse processo, a enzima amilase salivar inicia a quebra do carboidrato em dextrinas e maltoses que são moléculas menores. Esta enzima sofre inativação no estômago, assim que inicia a liberação de outras enzimas locais. Ainda no estômago, ocorrem contrações das fibras musculares da parede estomacal, as quais têm a função de misturar as partículas dos alimentos com secreções gástricas. É importante ressaltar que a secreção gástrica não contém enzimas digestivas específicas para a quebra do carboidrato, ocorrendo, portanto, a movimentação do carboidrato para a parte inferior do estômago e da válvula pilórica. Após esse processo, a massa alimentar transforma-se em uma massa espessa chamada quimo, que irá ocupar o duodeno, a primeira porção do intestino delgado. Dentro dessa região, a digestão do carboidrato é finalizada através das secreções pancreática e intestinal, de modo a fornecer vários substratos ao organismo, dentre eles a glicose.

Portal De Bem com a Vida: Qual a diferença para quem tem diabetes?

Para que a glicose possa entrar nas células, ela precisa do auxílio da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. Quando nos alimentamos, o pâncreas produz automaticamente a quantidade de insulina necessária para mover a glicose do sangue para as células do corpo. Nas pessoas com diabetes, porém, o pâncreas não produz insulina ou produz uma quantidade insuficiente desse hormônio ou ainda, os receptores de glicose não respondem da forma esperada à insulina produzida. Por esses motivos, a glicose do sangue vai direto para a urina sem que o corpo se aproveite dela. Ou então fica no sangue e aumenta o que chamamos de glicemia (concentração de glicose no sangue), não sendo aproveitada pelas células. Deste modo, o corpo perde a sua principal fonte de combustível, sofrendo complicações em curto e longo prazo.

Portal De Bem com a Vida: A pessoa que tem diabetes pode consumir doces? Existe alguma diferença para os tipos 1 e 2?

Sim, pode. Mas como todas as pessoas, quem tem diabetes (seja do tipo 1 ou 2) deve consumir doces moderadamente e este consumo deve estar adequado a uma alimentação balanceada. É importante destacar que a utilização de doces e açúcares como rotina diária não é indicada para ninguém, mas não há proibição do consumo eventual desses alimentos.

Portal De Bem com a Vida: Como funciona a contagem de carboidratos?

A contagem de carboidratos é um dos métodos utilizados na orientação nutricional de pessoas com diabetes, independente do tipo de diabetes (tipo 1, tipo 2, gestacional, outros). Para as pessoas que utilizam insulina como terapia medicamentosa, ela é particularmente indicada. Baseada no cálculo da quantidade de carboidratos contida nos diferentes alimentos ingeridos ao longo do dia, a contagem permite que sejam obtidos todos os nutrientes necessários ao bem-estar do organismo, de uma forma mais flexível e prazerosa.

Nas pessoas que fazem uso de insulina, os princípios básicos da contagem de carboidratos incluem: contar a quantidade de carboidratos que fazem parte dos diferentes alimentos de uma refeição e, a partir desta e outras informações, definir a quantidade de insulina ultrarrápida necessária para “queimar” a glicose proveniente da refeição. A definição da quantidade de insulina a ser aplicada deve ser INDIVIDUALIZADA e determinada junto a uma equipe interdisciplinar. Isso porque, alguns parâmetros que variam de pessoa para pessoa precisam ser determinados pelo médico antes do tratamento, dentre eles está a sensibilidade à insulina e o tipo de insulina que será utilizado no esquema. Além disso, é necessário que o nutricionista calcule as necessidades nutricionais do paciente, baseadas em diversos fatores como idade, sexo, peso, estatura e gasto energético. Com essas e outras informações é possível adequar a contagem de carboidratos ao indivíduo, de forma efetiva e gradativa. Em uma mesma pessoa, por exemplo, podem existir relações entre insulina-carboidrato diferentes, de acordo com o horário da refeição. Por exemplo, no café da manhã uma pessoa pode necessitar de uma unidade de insulina ultrarrápida para cada dez gramas de carboidrato consumido enquanto que no almoço, uma unidade de insulina é suficiente para cobrir 15 gramas. Estas diferenças só podem ser observadas após um período de registro, monitoramento e discussão com a equipe para estabelecer gradativamente quais as reais necessidades de cada um.

Pacientes que fazem uso de hipoglicemiantes orais, como os portadores de diabetes tipo 2, também podem fazer uso da contagem como terapia nutricional, visando melhor controle glicêmico. A diferença está no estabelecimento da quantidade de carboidrato, que deve ser fixa em cada refeição e, também, paralela à prática de uma alimentação saudável.

Portal De Bem com a Vida: Existem diferenças para contagem de carboidrato em crianças, adulto e gestante?

A contagem de carboidratos pode ser utilizada por qualquer pessoa com diabetes, incluindo crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes. A sua aplicação deve ser inserida dentro de um contexto de alimentação saudável, independente do tipo de diabetes e da fase de vida. Como dito anteriormente, as diferenças referentes à contagem variam de pessoa para pessoa, de acordo com a medicação administrada, os fatores clínicos e nutricionais individuais e as taxas de glicemias verificadas durante o monitoramento.

É importante destacar que, quando se inicia a contagem de carboidratos para crianças, normalmente utiliza-se uma relação entre insulina e carboidrato diferente do adulto. Isso porque é comum crianças oscilarem com relação à aceitação alimentar, além de apresentarem características hormonais bastante particulares. Explicando melhor: como regra geral, a relação insulina/carboidrato de adultos é de uma unidade de insulina para cada 15 g de carboidratos e em crianças esta relação fica em torno de uma unidade de insulina para 20 a 30 g CHO.

Portal De Bem com a Vida: Quais são as dicas para ter os melhores benefícios na contagem de carboidrato?

• Realizar um acompanhamento individualizado, visando receber orientações personalizadas conforme medicação utilizada, necessidades nutricionais e hábitos alimentares;

• Monitorar as glicemias para um melhor ajuste medicamentoso e alimentar, a partir da análise do registro glicêmico;

• Fazer uso da contagem de carboidratos em meio a uma alimentação saudável. Não adianta contar os carboidratos conforme as orientações e exagerar nas gorduras e no sódio, por exemplo;

• Consultar os rótulos dos alimentos e também os manuais de contagem de carboidratos, disponibilizados por associações, laboratórios e universidades, para conhecer a quantidade de carboidratos encontrada em cada alimento.

Portal De Bem com a Vida: Existe alguma diferença quando há mais gordura?

Sim. Isso porque a gordura apresenta uma absorção mais lenta do que a da glicose, fazendo com que esse açúcar permaneça por mais tempo no sangue, resultando em hiperglicemia. Isso significa que, mesmo realizando adequadamente a contagem dos carboidratos da refeição, se esta apresentar um alto teor de gordura, pode sim ocorrer um aumento nos níveis de glicemia pós-prandial. Na prática clínica, existem manejos nutricionais sugeridos a partir do tipo de medicação utilizada e perfil do paciente.

Portal De Bem com a Vida: Desde quando esta iniciativa foi implantada no Brasil?

A contagem de carboidratos é utilizada desde 1935 na Europa e foi uma das estratégias utilizadas em um estudo importante, que foi o Diabetes Control and Complications Trial (DCCT). Ela passou a ser recomendada em âmbito mundial em 1994, a partir de um relatório da American Diabetes Association (ADA). No Brasil, começou a ser utilizada de forma isolada em 1997.

Portal De Bem com a Vida: Existem diferenças para quem aplica insulina, utiliza o Sistema de Infusão Contínua (SIC) de insulina e toma remédios via oral?

A contagem de carboidratos pode ser utilizada por portadores de diabetes tipo 1 em terapia insulínica convencional, ou terapia intensiva com múltiplas doses, ou com bomba de infusão de insulina, e por diabéticos tipo 2 em uso de medicamentos orais ou apenas em tratamento dietético. De qualquer forma, como dito anteriormente, cada tipo de medicação e administração da mesma apresenta variações diante da contagem de carboidratos. Isso porque cada tipo de medicação ou método de aplicação desta possui um tempo de ação diferenciado. Por exemplo, quando o paciente aplica insulina é fundamental saber qual o tipo de insulina utilizada e também os horários de aplicação. Já se o paciente faz uso de bomba, é possível realizar um ajuste insulínico mais refinado, por tratar-se de um instrumento com mais recursos. No caso dos remédios via oral, o tempo de ação é completamente diferente e faz-se uso de taxas fixas de carboidratos nas refeições.

 

Fonte: www.debemcomavida.com.br

Diabetic Center

Ver todas as postagens

2 comentários

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  • Minha diabetes originou-se de pancreatite biliar e eu combinei com minha endocrinologista que ela passaria as doses de insulina de acordo com o que eu quisesse comer então eu como uma quantidade de doces a noite que eu quero e fico coberto com a dose de insulina que combinei com ela, dai não tenho que fazer dieta ; isto é normal ? Quero dizer, pode se fazer assim gostaria de saber se esta forma que eu estou usando pode ser feita. antes de eu ser diabético não gostava de doces e agora eu estou gostando !