Religiosidade, questões éticas e de saúde, estilo de vida, ou simplesmente intolerância à carne são os vários motivos alegados pelas pessoas que, com maior ou menor rigor, resolvem abolir a proteína animal das suas dietas. Os mais rigorosos não consomem nenhum alimento de origem animal, incluindo peixe, frango, leite e ovos. São conhecidos como vegetarianos vegans ou veganos. Apenas 4% dos vegetarianos se dizem veganos. Recentemente, foi relatado que 20% dos vegetarianos consomem laticínios e/ou ovo, abolindo apenas a carne e consumindo esporadicamente o peixe, afirma a endocrinologista Ellen Paiva, diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional.
Apesar de haver um grande número de vegetarianos em todo o mundo, eles representam apenas uma pequena proporção da população mundial. A Índia é uma exceção à regra, onde 35% da população segue uma tradicional dieta vegetariana por várias gerações. Na Inglaterra, estimativas baseadas em pequenas amostrar encontrou 5% de vegetarianos entre os britânicos. O Instituto Ipsos constatou que 28% das pessoas no Brasil “têm procurado comer menos carne”, o que não tem nada a ver com vegetarianismo.
De acordo com recentes revisões de dois comitês internacionais de nutrição – O American Diabetic Association e o Dietitians of Canadá – as dietas vegetarianas bem planejadas são adequadas para todos os estágios da vida, incluindo a infância e a adolescência. Essas dietas fornecem grandes quantidades de cereais, leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha), nozes castanhas, frutas e vegetais, carboidratos, fibras, carotenóides (precursores da vitamina A, ácido fólico, vitamina C, vitamina E, magnésio e ácidos graxos poliinsaturados ômega 6. Entretanto, são pobres em porteínas, retinol (vitamina A), vitamina B12, zinco, gordura saturada e ácidos graxos poliinsaturados deficientes em vitamina B12, ferro nas formas de melhor absorção e cálcio, sendo particularmente preocupantes para mulheres grávidas, lactentes, crianças e idosos”, informa a nutricionista Amanda Epifanio, que também integra o corpo clínico do Citen.
Talvez, o maior benefício da retirada da proteína animal do cardápio seja a redução do consumo de gordura saturada, permitindo alcançar facilmente as recomendações de ingestão desse tipo de gordura, que deveriam ser de até 10% do total de gordura diário. “Essa redução influencia favoravelmente os baixos valores de colesterol no sangue, frequentemente encontrados nos adeptos dessas dietas e a consistente redução de 24% na mortalidade por infarto do miocárdio nestas pessoas”, segundo a endocrinologista Ellen Paiva.
Outro achado de grande benefício à saúde é a tendência dos vegetarianos de serem mais magros, comparados com as pessoas que consomem carne. As razões para essa diferença, provavelmente são o maior conteúdo em fibras que conferem saciedade prolongada e menor conteúdo em proteínas e gorduras dessas dietas, resultando em menor consumo calórico.
Finalmente, as dietas vegetarianas atendem perfeitamente às recomendações de frutas e verduras tão difíceis de serem alcançadas nas dietas tradicionais.
Entretanto, à medida emn que uma dieta se torna progressivamente mais restrita em realçao à proteína animal, ou seja, quando se retira do cardápio, além da carne, todos os latícions e ovos, cai susbstancialmente a ingestão de vitamina B12, cálcio, zinco e ferro na sua forma mais facilmente absorvível pelo organismo.
Dietas vegetarians aparentemente balanceadas , utilizando soja como a única fonte protéica, ainda assim podem estar deficicentes em relação à ingestão de todos os aminoácidos necessários à síntese protéica. Logo, para as dietas vegetariansas se igualarem à qualidade da proteína animal, é necessária a mistura de vários alimentos vegetais.
Nas dietas vegetarianas que não preenchem os requisitos necessários de variedade protéica vegetal, há o risco de carência nutricional com sérias consequencias à saúde. O ferro, encontrado no feijão e vegetais folhosos, não é absorvido eficientemente como o ferro da carne, a menos que seja ingerido juntamente com alimentos que contenham vitamina C, como frutas e molhos de salada ou sucos feitos à base de limão.
A falta de cálcio, presente em grande quantidade apenas nos produtos lácteos, pode-se constituir em risco à saúde óssea, devendo ser suplementada nos vegetarianos veganos.
A deficiência de vitamina B12 é um capítulo a parte qando o assunto são as dietas vegetarianas, pois as fontes dietéticas usuais dessa vitamina são produtos animais. Os vegetarianos veganos têm um risco maior de sofrer desta deficiência, a não ser que tomem cuidado para incluir uma fonte confiável de vitamina B12 em suas dietas.
O quadro clínico desta deficiência só pode ser diagnosticado em estágios muito avançados. Além disso, o diagnóstico laboratorial é difícil, oneroso e muitas vezes confuso, pela dificuldade das dosagens da vitamina e pela comcomitância da possível deficiência de ferro. A falta de vitamina B12 no organismo pode manifestar-se em forma de anemia, passando por doenças vasculares com tendência à formação de tromboses, doenças cardíacas congênitas em crianças de mães deficientes em vitamina B12, chegando a quadros demenciais, como no caso do Alzheimer, que causa danos neurológicos irreversíveis.
Dietas vegetarianas parecem ser compatíveis com a preservação da saúde, inclusive na infância, desde que cuidados sejam observados. Os vegetarianos devem estar muito bem orientados quanto à necessidade de suplementações específicas e de balanceamento em suas dietas, uma vez que correm o risco de deficiências nutricionais específicas e de adotarem uma dieta com excesso de carboidrato e gordura, em decorrência da drástica redução de proteínas.
Redação da Comunidade Diabetes
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