Na tarde de 22 de maio de 2006, Will Cross chegou ao Campo 4 do Monte Everest, a última parada antes do pico, respirando com auxílio de um cilindro de oxigênio e tentando se manter hidratado.
Duas tentativas de alcançar o pico da mais alta montanha falharam no ano anterior, e sua expedição atual já dura seis semanas. Em meia hora, Cross e sua equipe vão sair de suas cabanas e tentar alcançar o pico.
Então, o inesperado aconteceu, algo que não tem nada a ver com a temperatura ou o clima.
A glicemia de Cross começou a cair.
“Eram os sintomas típicos de hipoglicemia. Eu me senti com náuseas, tontura e fraca, nada do que você quer sentir quando se está indo para o topo do mundo”, disse Cross, ex-diretor de colégio e pai de seis, de Pittsburgh (Estados Unidos da América). “Diabetes não é sempre previsível como você gostaria que fosse”.
Cross, um portador de diabetes do Tipo 1, imediatamente sacou sua bomba de insulina e comeu carboidrato suficiente para tirá-lo do perigo.
No dia seguinte, em 23 de maio, às 5:10 da manhã no horário local, Cross se tornara o primeiro americano com diabetes a escalar os 8.844,43 metros e ficar em pé no topo do mundo.
“Eu me senti como uma criança em uma loja de doces”, brincou ele. Cross tem diabetes tipo 1 desde os 9 anos de idade, ele é tão propenso a entrar em uma loja de doces quanto a maioria das pessoas a ir até o Everest.
Cross esperava ser o primeiro portador de diabetes do tipo 1 a escalar o topo do Everest, mas essa honra foi conquistada pelo austríaco Geri Winkler, o começo do mês.
…Cross fez uso da NovoRapid, uma insulina de ação rápida, e a expedição foi patrocinada pela Nordisk…
“Eu sabia que na noite do pico eu iria necessitar de três a quatro litros de água, e eu descobri que toda vez que eu trocava de tanque de oxigênio, eu tomava meio litro de água”, ele explicou. “A última vez que eu fiz isso, eu bebi um litro. O que não foi suficiente, eu fiquei tão desidratado que eu não conseguia falar, e meus pulmões estavam tão secos que eu não parava de tossir”.
Cross fez uso de uma bomba de insulina e de uma caneta aplicadora de insulina (Flexpen) para assim, obter o máximo controle de sua glicemia.
“A qualquer momento em qualquer altitude quando eu testava a glicemia e notava que estava maior do que deveria eu ia direto para a Flexpen, pois ela iria controlar o açúcar de forma mais rápida do que a bomba”, ele explicou.
Outra surpresa era saber quanta insulina Cross iria precisar. “Você não consegue descobrir de antemão”, disse ele. “Não há outra montanha que é tão alta, portanto você só pode fazer isso enquanto está escalando”. Cross imaginou que iria precisar de quantidades menores de insulina conforme subia, mas acabou ocorrendo justamente o contrário.
“A razão é porque quanto mais alto você vai, maior o estresse sobre o corpo, e ele reage justamente como se estivesse doente”, disse Cross. “Eu estava esperando que quanto mais alto eu fosse, mais duro seria meu trabalho, mas menos comida eu ingeriria (porque é difícil comer devido a náusea que é muito forte), e, portanto, iria necessitar de menos insulina. Mas não foi isso que ocorreu acima dos 8.000 metros”.
…Hipoglicemia era também uma grande preocupação. “Quando se está exercitando de forma tão intensa, deve-se ser hábil para se dar insulina suficiente para te manter indo e não suficiente para causar queda muito grande da glicemia”, disse Nonas. …
“Espero que essa experiência demonstre que o diabetes não deve limitar a sua vida”, disse Cross.
http://www.forbes.com/forbeslife/health/feeds/hscout/2006/05/29/hscout532965.html
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