Sabe aquele batimento repentino e descontrolado no coração logo após uma discussão com o chefe? Ou a pressão que sobe ao receber uma notícia impactante? Ou ainda a sensação de que falta o ar, a respiração acelera e a boca seca diante de uma situação difícil, mas que tem que ser enfrentada? Todos nós passamos por essas sensações, em maior ou menor intensidade, todos os dias. O coração acelerar, a pressão subir, a respiração tornar-se mais difícil e a boca secar são respostas naturais do nosso corpo frente a acontecimentos ou circunstâncias sobre as quais não temos controle e, portanto, nos deixam inseguros. O problema é quando essas alterações tornam-se mais frequentes e intensas. Nesse caso, o mais provável é que elas sejam alertas de que estamos chegando ao limite do nível de pressão que podemos suportar. Em outras palavras, são sintomas de que estamos sob estresse, alerta o cardiologista Carlos Alberto Pastore, diretor da Clínica de Cardiologia do Hospital CEMA.
– O estresse é estudado há mais de 50 anos. Hoje se sabe com segurança que os sintomas dele decorrentes causam um quadro geral de desconforto físico, que impacta o coração.
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O aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial é o efeito direto da ação do estresse sobre o coração. As consequências variam de pessoa a pessoa e podem incluir intensificação do suor, sensação de formigamento nas mãos, dor de cabeça e tontura. Às vezes, até vômitos e desarranjo intestinal.
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Quem vive no ritmo acelerado das grandes cidades, submetido a situações de violência e trânsito caótico, é candidato potencial a sofrer de estresse. Mas nem por isso quem mora no campo está livre dessa pressão.
– O estresse não é uma doença, é uma resposta fisiológica às situações de emergência. A vida moderna inclui muito trabalho, insegurança, falta de tempo para o lazer, o que piora a resposta do estresse. Não há dúvida de que quanto mais estímulos, mais tensões e mais aumento da resposta dos hormônios que liberam o estresse.
O gatilho para a crise de estresse é sempre uma situação emergencial, que provoca medo ou insegurança. Para defender o organismo da pressão, as glândulas suprarrenais liberam adrenalina e cortisol em grande quantidade, ocasionando o desconforto físico.
De acordo com levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) há quatro anos, 90% da população mundial sofre com o estresse. Este quadro, ainda segundo a pesquisa, está associado ao desenvolvimento de uma série de doenças, como câncer, depressão, diabetes e hipertensão. O problema atinge indistintamente homens e mulheres, e pode acontecer em qualquer idade.
– Ninguém vive sem estresse, ele faz parte da vida. As tensões do dia a dia, quando exageradas, podem exacerbar a resposta habitual. Estão menos propensos ao estresse aqueles que aprendem a controlar as tensões do cotidiano.
Para combater os efeitos sobre o coração, o tratamento é à base de remédios para baixar a frequência cardíaca, tranquilizantes e psicoterapia, para reduzir a ansiedade. O médico reforça, porém, que exercícios físicos regulares e terapias alternativas, como meditação, relaxamento e massagens, também são bastante eficientes e ajudam a reduzir o stress. Mas o melhor remédio é repensar a vida, buscando mais momentos de lazer e convívio familiar.
– Encontrar tempo para conversar com pessoas queridas, se divertir com o que gosta de fazer, viajar são armas poderosas contra o estresse.
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