O excesso de peso e os hormônios


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Até a pouco, o conhecimento científico afirmava que, na quase totalidade dos casos de excesso de peso, não havia causa hormonal. As exceções seriam extremamente raras. A Síndrome de Cushing seria uma delas. Nela existe uma produção excessiva por parte da glândula adrenal do hormônio cortisol.

No Brasil, no entanto, existe entre os leigos uma crença de que em muitos casos o aumento de peso das pessoas deve-se à deficiência da tiróide. Este conceito está absolutamente errado. Baseou-se no fato de que no hipertiroidismo, quando a tiróide produz hormônios em excesso, o paciente perde peso.

Ora, se o aumento da função tiroideana causa perda ponderal, a sua deficiência acarretaria aumento. Nada mais falso.

No hipotiroidismo, a deficiência dos hormônios tiroideanos, definitivamente, não causa a obesidade.

Em alguns casos dessa doença, quando severa, pode haver um discreto aumento de peso à custa de edemas (inchação), mas não de gordura.

Pelo fato de não se conseguir descobrir nenhuma alteração hormonal como causa do excesso de peso, estabeleceu-se uma sentença.

“O gordo é o culpado”

Desde a década de 90, no entanto, vem descobrindo-se novos hormônios que atuam controlando o apetite e a saciedade; e que se comportam diferentemente nos obesos em relação aos de peso normal.

Na primeira metade da década, conseguiu-se isolar um hormônio produzido pelas células adiposas, que se chamou de Leptina.

Esta substância atua em uma região do cérebro, o hipotálamo, ocasionando a sensação de saciedade. Existe um tipo de camundongo que se torna grande obeso, com qualquer tipo de dieta que lhe for oferecida.

A razão deste seu aumento ponderal é a de que as suas células gordurosas não secretam a Leptina adequadamente. Quando o hormônio é administrado, os animais emagrecem.

Nos humanos, esta anormalidade ocorre de maneira diferente.

No obeso, enquanto gordo, os níveis da Leptina são elevados. O problema aparente é que o seu hipotálamo não consegue decifrar a mensagem de saciedade da Leptina.

Quando o portador do excesso de peso emagrece, por meio da dieta, os níveis desse hormônio diminuem. Ora, como o cérebro tem a dificuldade de ler a mensagem quando a quantidade era grande, é fácil imaginar o que acorre quando ela diminui. Resultado: tendência à recidiva.

Outro hormônio muito importante no controle da nossa alimentação é a Ghrelina, secretada pelo tubo digestivo. A sua ação é oposta à da Leptina. Ao invés de nos trazer saciedade, nos causa fome. A Ghrelina eleva-se nos horários habituais das nossas refeições e diminui após a ingestão alimentar.

Nos obesos, os seus níveis são normais ou até menores dos que os que têm peso normal.

No entanto, quando o obeso emagrece à custa da dietoterapia, a produção da Ghrelina eleva-se. Resultado: mais um outro e importante estímulo para voltar a engordar.

O portador de excesso de peso, quando emagrece, não se torna um magro. É apenas um gordo emagrecido, com grande probabilidade de voltar a ganhar peso.

Outras descobertas muito importantes foram a do PYY e do GLP1. Estes hormônios são secretados por células localizadas no fim do intestino delgado. Ambos agem diminuindo a nossa vontade de continuarmos nos alimentando. As suas secreções são estimuladas pela chegada do alimento às células produtoras. E as suas produções serão tão mais rápidas e maiores quanto mais depressa e menos digerido o bolo alimentar chegar a esta parte do intestino. Constatou-se que o intestino dos obesos é maior do que nos de peso normal.

O alimento demora mais e, quando chega, está mais digerido. Resultado: menor estímulo á secreção desses hormônios.

As alterações hormonais produzidas pela cirurgia para tratar a obesidade contribuem de maneira importante para que o seu sucesso ocorra na maioria dos pacientes.

A Ghrelina, ao contrario do que ocorre quando emagrecimento é obtido por dieta, diminui na maioria dos pacientes operados. Menos apetite.

Por outro lado, o alimento chega mais rapidamente e menos digerido as células produtoras de PYY e GLP 1, localizadas no fim do intestino delgado. Resultado: mais saciedade.

Autor: Dr. Ney Cavalcanti

Fonte: http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/pontos-de-vista/1925-o-excesso-de-peso-e-os-hormonios

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