Você sabia que o número de morte decorrentes do AVC (acidente vascular cerebral), popularmente conhecido como derrame, superam o de câncer e infarto? Segundo o neurologista Alexandre Longo, membro titular da ABN (Academia Brasileira de Neurologia) e da ABAVC (Associação Brasil AVC), mais 17 milhões de pessoas são atingidas anualmente pela doença e, no Brasil, 25% delas terão incapacidade grave. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que 70% dos pacientes acometidos pelo AVC permanecerão com alguma sequela funcional significativa.
Em termos globais, o AVC representa a segunda causa de morte no mundo em pessoas acima dos 60 anos de idade e a quinta causa entre indivíduos de 15 a 59 anos. Pode também atingir crianças e recém-nascidos. No Brasil, o AVC é a segunda principal causa de morte, atrás apenas das doenças cardiovasculares.
Atualmente, tem-se observado cada vez mais casos recorrentes em jovens adultos, atribuído a fatores comportamentais nocivos à saúde. Ao mesmo tempo, a grande incidência da doença tem aumentado a urgente necessidade de cuidados adicionais no pós-AVC, visando a reinserção do indivíduo à sociedade.
A principal causa de derrame é a hipertensão arterial não tratada de forma correta. A prevenção da doença consiste em ações simples, como controlar e medir regularmente a pressão arterial e seguir as orientações médicas, sobretudo pessoas que fazem uso de medicações indicadas. Reduzir o sal na alimentação, eliminar o tabagismo, praticar atividade física e evitar o estresse são fatores de prevenção igualmente importantes.
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As recomendações internacionais indicam que o reconhecimento dos sinais do AVC deve ser imediato e assertivo, dada a gravidade das sequelas, que dependerá do tempo de atendimento. Existem dois tipos de AVC´s: o hemorrágico, em que ocorre o rompimento de artérias e sangramento no cérebro, e o isquêmico, com o entupimento das artérias, sendo responsável por 80% dos casos.
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Segundo a OMS, o AVC é a primeira causa de incapacidade funcional no mundo, interferindo nas atividades de locomoção e fala, algumas vezes incapacitando o indivíduo em funções como se vestir e comer sozinho.
Dados mais recentes do Ministério da Saúde apontam que morreram no país, aproximadamente, 100 mil pessoas em 2014. No mesmo período, mais de 180 mil pacientes foram internados para o tratamento do AVC no Sistema Único de Saúde (SUS). A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), inquérito epidemiológico de base domiciliar, avaliou o número absoluto estimado de pacientes com AVC e incapacidade por AVC: mais de 2 milhões de pessoas com AVC e 568.000 com incapacidade grave. A prevalência de AVC foi pontual, de 1,6% em homens e 1,4% em mulheres, e incapacidade de 29,5% em homens e de 21,5% em mulheres.
A vida pós-AVC continua e sua qualidade depende diretamente da reabilitação que permitirá ao indivíduo retomar gradativamente suas atividades cotidianas na medida da extensão das suas sequelas.
Para o médico da Associação Brasil AVC, a intervenção do paciente para a reabilitação deve ser multidisciplinar, formada por neurocirurgiões, neurologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, entre outros.
– A interação entre estes profissionais é muito importante. O tratamento deve iniciar já na fase aguda nas Unidades de AVC, onde o paciente deve permanecer internado mesmo após a alta hospitalar.
O indivíduo acometido por um AVC poderá ter sequelas permanentes ou temporárias, de acordo com a sua condição. Do total de pessoas acometidas por um AVC, 70% delas terá alguma sequela, cognitiva, de linguagem e/ou motora.
Frequentemente o paciente desenvolve espasticidade (comprometimento do tônus muscular e exacerbação dos reflexos de contração à movimentação) dos membros, perda de autonomia e dependência funcional. O comprometimento da função motora prejudica as tarefas de vida diária como alimentação, locomoção e os cuidados de higiene. Quando não tratada, causa contraturas, rigidez, luxações, dor e deformidades.
O tempo faz a diferença no processo de reabilitação, pois o tratamento iniciado de forma precoce aumenta as chances de recuperação do paciente e melhora de sua qualidade de vida. Cerca de 60% dos pacientes com comprometimento motor, ainda que brando, desenvolverá contração muscular excessiva (denominada espasticidade) no lado afetado no primeiro ano, o que pode levar à dor e posturas anormais com prejuízo na sua funcionalidade e cuidado.
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