Surge nova fórmula contra diabetes 2
Pesquisador da Unicamp descobre medicamento que promete revolucionar o tratamento da doença; Bauru tem 9,5 mil diabéticos
Da Redação/Com Itacir Figueiredo, do site www.segs.com.br
O pesquisador Cláudio Teodoro de Souza, da área de biologia do programa de pós-graduação em clínica médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) patenteou uma nova substância que promete transformar o tratamento do diabetes tipo 2. A ação da proteína PGC-1alfa, identificada pelo cientista, tem papel no controle da produção de insulina pelo pâncreas e na ação da insulina em órgãos como o fígado e tecido adiposo, ao mesmo tempo.
A partir da substância será possível produzir um novo medicamento, capaz de atuar simultaneamente na produção e na ação da insulina. Pacientes de diabetes que precisam utilizar dois ou mais remédios poderão passar a usar apenas um. Em Bauru, a Secretaria Municipal de Saúde estima que 9,5 mil pessoas sejam diabéticas.
Incurável, o diabetes pode causar diversas complicações que levam à morte. A doença classifica-se basicamente em dois subgrupos: os insulino-dependentes ou do tipo 1 e os não insulino-dependentes ou do tipo 2. De acordo com a Associação dos Diabéticos de Bauru (ADB), o diabetes tipo 1 corresponde em média 5% a 10% dos casos e caracteriza-se pela perda da capacidade do pâncreas em produzir insulina.
“Os diabéticos utilizam uma série de drogas para o tratamento da doença. Nossos testes demonstraram que essa nova substância é mais barata, por ser desenvolvida no Brasil, e também mais eficaz”, ressalta o pesquisador. Souza foi orientado pelo professor Lício Augusto Velloso, renomado pesquisador brasileiro.
O resultado do trabalho será premiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). Souza receberá o Grande Prêmio Capes de Tese Carl Peter von Dietrich na área de biologia, junto a uma bolsa de pós-doutorado de um ano no Exterior, medalha e diploma. Além disso, uma parceria firmada pela Capes permitirá que a Fundação Conrado Wessel (FCW) conceda a ele recursos da ordem de US$ 15 mil.
“A fundação distribui, todos os anos, mais de R$ 1 milhão com o Prêmio FCW de Arte, Ciência e Cultura. A parceria com a Capes permitiu que a nossa atuação fosse ampliada, contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa e para o aperfeiçoamento profissional de nossos cientistas”, destaca o presidente da FCW, Américo Fialdini Jr.
A tese do biólogo foi selecionada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). A instituição observou a qualidade do trabalho, a originalidade e a relevância para o desenvolvimento do País. A avaliação dos candidatos envolveu 56 comissões e 198 consultores das mais diversas instituições de ensino superior do Brasil. Nessa primeira edição do Grande Prêmio Capes de Tese, foram 228 trabalhos inscritos. Três teses foram escolhidas, uma para cada grande área de conhecimento.
Segundo o presidente da Capes, Jorge Guimarães, o prêmio serve de incentivo para que os estudantes busquem aprofundar cada vez mais seus projetos de pesquisa. “Queremos incentivar os recém-doutores a se engajar na urgente tarefa de participar e de promover o desenvolvimento científico, econômico e sociocultural do País”, acredita.
De acordo com a endocrinologista Cibele Cabogrosso, 7% da população mundial possui diabetes, a grande maioria do tipo 2, que é relacionada à obesidade e sedentarismo. Para ela, a linha de pesquisa de Souza é nova no setor. “Quando a pessoa é diagnosticada com diabetes do tipo 2, deve promover uma mudança no estilo de vida. E é difícil se adaptar, por isso os medicamentos ajudam”, avalia.
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Remédio
A descoberta de uma nova fórmula no tratamento do diabetes tipo 2 pelo pesquisador Cláudio Teodoro de Souza chamou a atenção da indústria de medicamentos. No ultimo mês de outubro, a Unicamp – onde Souza atua – e um laboratório farmacêutico firmaram uma parceria com o objetivo de desenvolver uma nova droga.
A empresa vai investir R$ 2 milhões para financiar os testes, que podem durar até dez anos, segundo Lício Velloso, orientador de Souza. Caso o medicamento chegue às farmácias, a empresa pagará entre 2,5% e 4% de royalties da receita líquida à Unicamp, que detém a patente do oligonucleotídeo.
Fonte: Jornal da Unicamp
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