Nesta quinta-feira (29), é celebrado o Dia Mundial do Coração, alertar a população sobre os fatores de risco e a importância de prevenir as doenças cardiovasculares, consideradas a principal causa de morte no Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas, você sabe qual é a relação do colesterol com as doenças do coração? Quem responde é a cardiologista Luciana Giangrande, diretora médica do grupo Sanofi no Brasil.
1. Qual é a relação do colesterol com o coração?
O colesterol é uma substância naturalmente encontrada no corpo, e tem o importante papel de ajudar todas as células a funcionarem adequadamente. Ele é transportado pelo corpo por partículas chamadas lipoproteínas, das quais existem vários tipos: a HDL, por exemplo, que é boa para o coração já que carrega o colesterol das artérias para o fígado onde será processado. Já o LDL, que é o chamado “colesterol ruim”, tem este apelido porque faz o caminho inverso, levando o colesterol do fígado para o resto do corpo. Quando ele se acumula, podem ocorrer problemas. O principal deles é a aterosclerose e as doenças cardiovasculares. Na aterosclerose, o colesterol LDL se acumula no interior dos vasos, formando placas de gordura. Cerca de 50% dos infartos poderiam ser evitados com o controle adequado do colesterol.
2. Pessoas com diabetes têm mais chances de ter o colesterol alterado? Por quê?
O diabetes aumenta significativamente o risco de doenças cardiovasculares por vários mecanismos. Embora o diabetes não provoque aumento específico do colesterol LDL, acaba criando as condições ideais para que esse colesterol se deposite mais facilmente nas artérias e provoque entupimentos que levam ao infarto e ao derrame. Em outras palavras. o colesterol ruim dos indivíduos diabéticos é ainda mais nocivo e perigoso que no resto da população. Por isso, recomenda-se que indivíduos com diabetes mantenham níveis ainda mais baixos de colesterol ruim. Além disso, o diabetes tende a aumentar os triglicérides e a baixar o colesterol bom.
3. Com quantos anos as pessoas devem começar a monitorar seu colesterol?
Em pessoas saudáveis, o ideal é iniciar a dosagem a partir dos 20 anos de idade, com intervalos de no máximo, cinco anos entre os exames. Já familiares de primeiro grau de pessoas que tenham sofrido episódios de infarto ou outras doenças cardiovasculares, o ideal é começar antes, de acordo com a orientação do cardiologista.
4. Pessoas com pais ou mães que já enfartaram têm mais chances de sofrer um ataque do coração?
Sim, mas é necessária uma avaliação médica individualizada para determinar e confirmar esse risco. No Brasil, 800 mil pessoas sofrem de hipercolesterolemia familiar, uma doença genética que gera níveis muito elevados do colesterol desde muito cedo. No mundo, este número passa dos 30 milhões de indivíduos. Em casos como esses, a prevenção deve ser mais rigorosa. Mas, quando não há diagnóstico de hipercolesterolemia familiar, o importante é cultivar hábitos de vida saudáveis desde a infância, com alimentação balanceada, atividade física e acompanhamento médico anual.
5. Comer de maneira saudável e praticar exercícios físicos é suficiente para baixar o colesterol?
Quando a alteração do colesterol é de base genética, principalmente nos casos de hipercolesterolemia familiar, dieta e atividade física geralmente não são suficientes para controlar o quadro e se faz necessária a prescrição de medicação de uso contínuo. Apenas 30% das taxas de colesterol LDL são determinadas pela dieta – os outros 70% são o chamado colesterol endógeno, produzido pelo próprio corpo, mais especificamente pelo fígado. Deste modo, obviamente uma dieta equilibrada combinada a atividade física são altamente benéficas ao organismo, mas sozinhas não necessariamente garantem o controle do colesterol em todos os casos e por isso é necessário sempre dosar o colesterol depois de 1 a 3 meses para avaliar os resultados e a eventual necessidade de medicação.
6. Existem remédios que ajudam a baixar o colesterol ruim?
Sim, existem. Na década de 80, foram introduzidas as estatinas, grandes aliados na redução do colesterol LDL, e que foram consideradas uma revolução no tratamento do problema. No entanto, ainda assim, com o consumo das estatinas, alguns pacientes apresentam dificuldade em ficar dentro da meta estipulada pelas diretrizes mundiais. Deste modo, foi criada uma nova classe de medicamentos chamada inibidores da proteína PCSK9, como o alirocumabe, por exemplo, que atuam justamente como auxiliares neste tratamento, reduzindo as taxas de colesterol em até 60%, o que significa, nos casos de alto risco cardiovascular, uma nova chance de sobrevida com qualidade.
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