DIABETES EM CRIANÇAS: O QUE HÁ DE NOVO?


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No “The Lancet” deste ano foi publicada uma revisão extensa e, ao mesmo tempo, sucinta sobre atualizações de consenso, controvérsias e mudanças quanto ao tratamento do diabetes mellitus em crianças e adolescentes. Seria impossível comentar sobre as 8 páginas e mais de 100 referências, por isso alguns pontos de destaque foram selecionados.

Para começar, os autores chamam a atenção para o aumento expressivo da incidência de diabetes na população de crianças e adolescentes, que, entre 2001 e 2009, foi de 21% nos EUA. Destes, 11% são de tipo 2, 0,25% diabetes neonatal (resultado de uma ou mais mutações, que levam ao desenvolvimento de diabetes antes dos 6 meses de idade) e 1,2% do tipo MODY. Aqui cabe destacar que o diabetes tipo 2 (DM2) em crianças e adolescentes (geralmente aparece a partir da puberdade, associado a fatores de risco como: obesidade, etnia e histórico familiar) é mais agressivo, de progressão mais rápida, do que em adultos. Enquanto a deterioração das células beta é de 7-11% ao ano em adultos, o que acaba levando à necessidade do uso de insulina exógena, em adolescentes é de 20-35%. Com isso, os autores destacam a dificuldade em atingir os objetivos glicêmicos nessa população, associada à baixa adesão e à ineficácia do tratamento de primeira escolha para adultos (Metformina e Insulina são os únicos medicamentos aprovados para uso em crianças e adolescentes até o momento).

Levando esses dados em consideração, revela-se que, apesar de a média da HbA1c ser semelhante na população pediátrica com DM1 e com DM2, o controle inadequado (HbA1c > 9,5%) é mais frequente nos indivíduos com DM2, queapresentam maior taxa de desenvolvimento precoce de complicações.

Em relação ao diabetes tipo 1 (DM1), destaca-se o alerta sobre a principal causa de morbidade e mortalidade ser a cetoacidose. O que pode ser prevenido através de ações educativas, para que, com mais conhecimento, a população e os profissionais de saúde possam reconhecer os sintomas mais prontamente e o tratamento seja iniciado de imediato. Quanto às hipoglicemias graves, os autores afirmam que a aparentemente inevitável associação com a redução da HbA1c, na época da publicação do DCCT, não é mais uma realidade. E, sobre a HbA1c, lembram que, apesar de tantas novidades sobre controle glicêmico, ela continua sendo o principal parâmetro modificável mediador das complicações crônicas (por refletir o estado hiperglicêmico).

Em relação ao uso de insulina, recomendam a individualização do tratamento, visto que o uso de bomba, em comparação às múltiplas aplicações, não aparece em muitos estudos como fator determinante para um melhor controle. Ao mesmo tempo, revelam redução de 0,5% da HbA1c no caso do sistema bomba-sensor de glicose. Destacando que, atualmente, entre os diferentes fatores, a aceitação, e não a eficácia, parece ser a maior limitação no uso de sensor contínuo de glicose. Em estudo no qual foi fornecido gratuitamente sensor de glicose, menos de 50% das crianças usaram o equipamento por mais de 71% do tempo.

Para concluir, vale destacar os fatores levantados que fazem diferença para se atingir e manter um bom controle: motivação, apoio da família, saúde mental e acesso ao tratamento. E, como resultado da melhora do controle nas últimas décadas, os autores relatam aumento da expectativa de vida e redução do desenvolvimento de complicações em quem apresenta DM1, revelando que nos casos de ausência de nefropatia a expectativa de vida é igual à da população em geral.


Referência bibliográfica

Cameron FJ, Wherrett DK. Care of diabetes in children and adolescents: controversies, changes, and consensus. The Lancet. 2015;385(9982):2096-2106

Fonte: http://www.diabetes.org.br/colunistas/dr-mark-barone/diabetes-em-criancas-o-que-ha-de-novo

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