Dr. Google e o diabetes


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Levantamos sempre a bandeira da educação em diabetes e com isso incentivamos nossos clientes a conehcer mais a doença, mas é importante também auxiliá-lo a achar informações de qualidade.

A Revista Sabor & Vida – Número 59/2011 fez uma reportagem com o endocrinologista Reginaldo Albuquerque, editor do site da Sociedade Brasileira de Diabetes falando sobre os benefícios da internet, que leva o conhecimento a população, mas saber usar este conhecimento é fundamental!

Acompanhe a reportagem da coluna Diabetes na rede
escrita pela jornalista Juliana Bernardino.

“Uma coisa é certa: a saúde entrou de uma vez por todas na era da informação. Graças à rede mundial de computadores – a internet – pessoas podem consultar, em poucos cliques, o que representa determinada doença, como e onde tratar, quem já viveu experiência similar, entre outros dados.

Não se trata, é claro, de substituir o insubstituível: a consulta médica. Mas as novas tecnologias são, isso sim, capazes de favorecer o tratamento de diversos males. Quem compartilha dessa opinião é o médico endocrinologista Reginaldo Albuquerque, editor do site da Sociedade Brasileira de Diabetes (www.diabetes.org.br). “Acho que a internet contribui decisivamente para aumentar o nível de informação da população sobre diversas doenças, incluindo o diabetes”, comenta ele, que já foi professor da Universidade de Brasília (UnB) e Research Fellow na Universidade de Londres, além de possuir o título de fundador da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

Embora seja um defensor da participação da internet no tratamento do diabetes, ele faz questão de reforçar que informação não é conhecimento. “O conhecimento é a informação organizada, hierarquizada pela sua importância e aplicada na solução dos problemas que temos em mão”, comenta, referindo-se à necessidade da participação médica para organizar tudo o que o paciente colhe em suas pesquisas online. “‘A relação médico-paciente pode ficar prejudicada caso o doente valorize mais o que achou na internet do que o médico lhe disse na consulta”, complementa.

Em entrevista concedida à Revista Sabor&Vida Diabéticos, o especialista fala também sobre a influência das redes sociais (como o Facebook e o Twitter) no tratamento do diabetes, os novos softwares que permitem controle remoto da glicose e, por fim, os cuidados que o paciente-internauta deve tomar em sua navegação. Leitura atual e imperdível, confira!

Sabor&Vida Diabéticos – Há quanto tempo o senhor é editor do site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)? Como é esse trabalho?

Dr. Reginaldo Albuquerque – Sou o editor do site da SBD desde 2005, coordenando um grupo editorial formado por uma equipe multiprofissional. Somos mais de 10 pessoas produzindo conteúdo para internet, cada qual escrevendo sobre sua área de conhecimento. Além disso, há uma equipe técnica que trabalha em perfeita sintonia em busca dos conteúdos mais relevantes para atualização. Na linha de retaguarda temos os associados da entidade, os pacientes e os jornalistas. Atualmente, recebemos 5 mil visitas por dia e 15 mil páginas lidas (page-viewers/dia). Os visitantes também participam nos enviando sugestões, perguntas e artigos. Estamos entre os sites mais confiáveis de saúde segundo uma enquete publicada recentemente pelo jornal Folha de S. Paulo.

No site desenvolvemos um livro eletrônico [e-book] chamado “Diabetes na Prática Clínica” e Manuais de Nutrição para profissionais de saúde e pacientes. Esses materiais podem ser adquiridos a baixo custo na nossa loja virtual ou na editora Gato Sabido [www.gatosabido.com.br], onde podem ser baixados para tablets eletrônicos [como o IPad, da Apple] ou dispositivos do smartphones. Os Manuais também estão disponíveis em língua espanhola. Uma biblioteca aberta com mais de 2 mil e 500 slides e a Rádio SBD são outros serviços oferecidos pelo site. Em breve, vamos lançar uma WEB TV SBD.

SVD – A internet pode ser útil ao paciente que trata o diabetes? De que forma?

RA – Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Ipsos MORI mostrou que 86% dos brasileiros com acesso à internet utilizam a rede para obter orientações de saúde, remédios e condições médicas. O país ocupa o quinto lugar neste ranking, atrás apenas da Rússia, China, Índia e México. A mesma pesquisa revelou, ainda, que 68% dos internautas buscam informações sobre medicamentos, 45% procuram se informar sobre hospitais ou serviços e 41% querem conhecer na rede experiências de pessoas com os mesmos problemas de saúde.

Diante desses resultados, acho que a internet contribui decisivamente para aumentar o nível de informação da população sobre diversas doenças, incluindo o diabetes.

SVD – Quais cuidados o paciente deve ter ao recorrer à internet como ferramenta de apoio?

RA – Sabemos que informação não é conhecimento. O conhecimento é a informação organizada, hierarquizada pela sua importância e aplicada na solução dos problemas que temos em mão. Uma cena comum é o paciente chegar ao consultório e, antes de o médico falar, ele citar todos os sintomas, as soluções para a doença e, por vezes, ainda discutir com o médico, dizendo: ‘pesquisei na internet e acho que devo tomar outro remédio’.

O julgamento crítico da qualidade e do uso da informação obtida na rede deve ser feito com muito cuidado e com o auxílio da equipe profissional que dele cuida. Ainda com relação a essa questão, quero lembrar que as ferramentas de busca – tipo Google, Yahoo etc. – apresentam uma listagem dos resultados que não seguem nenhum critério de qualidade ou de relevância da pesquisa e, geralmente, o solicitante usa as 10 primeiras referências apresentadas. Os buscadores utilizam algoritmos não divulgados e os sites que desejam ser vistos usam de artifícios para aparecerem no topo da lista, por exemplo a disseminação de hiperlinks por outros sites de aluguel que cobram pela hospedagem dos mesmos. Assim, acredita-se que somente 0,03% do conteúdo da internet seja lido e o restante permanece escondido naquilo que é chamado de ‘deep internet’. Só vemos atualmente 16% do conteúdo total da internet. Muita informação relevante está, portanto, escondida.

SVD – Como o paciente pode identificar um site confiável?

RA – A primeira coisa é verificar se o site tem uma identificação do tipo “quem somos”. Grande parte dos sites não apresenta o nome dos responsáveis pelas informações; mesmo grandes empresas não divulgam os nomes dos seus assessores profissionais de saúde. Em seguida, deve-se verificar se o site é um vendedor de anúncios, parecendo uniforme de Fórmula 1. Sites cheios de anúncios de produtos e tratamentos médicos milagrosos são suspeitos e recomendo fugir deles. Um terceiro ponto é diferenciar site com terminações .ORG e .GOV de sites do tipo .COM Os primeiros têm na sua elaboração um compromisso institucional, ou seja, são mais confiáveis. No caso da SBD, o nosso compromisso é com a disseminação do conhecimento, procurando educar o profissional de saúde e a população em geral sobre o que é diabetes e como conviver com ele da melhor forma possível.

SVD – A internet também vem sendo usada para se buscar informações sobre medicação. Quais os riscos da automedicação por diabéticos?

RA – É comum encontrar na internet sites prometendo curas milagrosas e resultados significativos no tratamento do diabetes. São centenas de anúncios que surgem sempre que abrimos o computador. Mas esses tratamentos não têm comprovação científica e, portanto, não devem ser seguidos pelos pacientes. Por não terem eficácia ou por retardarem o início dos tratamentos corretos, representam risco à saúde dos diabéticos.

SVD – Quais sites você costuma indicar aos seus pacientes diabéticos?

RA – Além dos sites da SBD [www.diabetes.org.br e www.nutricao.org], indicamos o uso de vários aplicativos móveis que podem ser usados a partir de telefones celulares. Para informações sobre exames, recomendamos o site do laboratório Fleury [www.fleury.com.br]; sobre medicamentos, recomendamos o site da ANVISA [www.anvisa.gov.br ] e sobre dados epidemiológicos, o site do Ministério da Saúde [www.saude.gov.br] .

SVD – De que forma a internet pode ajudar no controle glicêmico do paciente diabético? Existem ferramentas que possam ser usadas nesse sentido?

RA – Existem várias ferramentas que visam capturar os dados de um medidor de glicose – pode ser o próprio celular –, transmiti-los para uma base de dados onde o médico pode analisá-los, fazer gráficos e retornar para o paciente com instruções para correção dos valores de glicemia. Em agosto de 2010, foi publicado um trabalho usando um desses esquemas. Os pacientes que foram seguidos com o uso de ferramentas digitais tiveram, no fim do estudo, um resultado mais baixo de A1C (hemoglobina glicosilada) do que os que foram seguidos da forma tradicional.

No Brasil, a ONG Pró-Crianças e Jovens Diabéticos, patrocinada por uma empresa de telefônica celular, estão desenvolvendo um sistema com a participação de profissionais da Unicamp. O projeto chama-se Zelous e permite um controle remoto da glicemia de crianças portadores de diabetes. Por meio de mensagens enviadas por aparelho celular, o sistema faz recomendações alimentares para os pacientes, além de criar prontuários virtuais com todos os dados dos pacientes e de sua família – os quais são acessados gratuitamente pelos médicos na internet.

Uma variedade de serviços na web e aplicativos para smartphones e tablets podem ajudar o paciente a levar uma vida mais saudável, além de trazer informações sobre várias bases de dados, como de medicamentos, composição alimentar etc. Um dos aplicativos mais populares [para o sistema operacional de aparelhos da Apple, o iOS] é o WebMD, um software, em inglês, que transmite aos usuários até mesmo noções de primeiros socorros.

Para os diabéticos mencionaria, ainda, o Bant e Diabetes log, que permitem carregar dados de glicemia e depois fazer gráficos etc.

Os aplicativos nas plataformas do iOS e do Android passam de 1000 tipos em suas lojas, muitos deles gratuitos e que podem ser baixados diretamente no celular.

SVD – Comente a participação das redes sociais como o Facebook e o Twitter no tratamento do diabetes.

RA – Elas têm um papel importante na comunicação entre seus membros, e entre eles e os médicos. Existem várias comunidades cujo foco principal é o diabetes e, por meio delas, os membros contam experiências, trocam orientações nutricionais etc.

SVD – Você acha que futuramente as pessoas conseguirão marcar consultas, checar prontuários médicos entre outros trâmites pela internet?

RA – Isso já é uma realidade atualmente. O próprio Google lançou o Google Health, que permite a elaboração de prontuários. Consultas médicas pela internet, via Live Messenger e Skype, ainda são distantes, mas devem diminuir as longas esperas pelo atendimento. Isso é benéfico, o que não pode é substituir integralmente a consulta presencial. Não há problema na utilização desses métodos quando já conhecemos o paciente ou quando é apenas um retorno (e dependendo, é claro, do tipo de problema de saúde). É uma alternativa que tem que ser valorizada. Nos Estados Unidos fazer consultas pela internet já é comum. Existem planos de saúde que oferecem médicos em tempo integral na rede. O paciente pode ligar o programa de VoIP (o telefone na internet) e conversar sobre todos os sintomas com o especialista. Há até planos pré-pagos. Por U$ 35 o usuário tem direito a uma consulta. A receita médica é enviada pelos correios ou por e-mail.

SVD – Quais benefícios (e prejuízos) a internet pode trazer para a relação médico-paciente?

RA – O médico é imprescindível e jamais pode ser substituído pela internet. A relação médico-paciente pode ficar prejudicada caso o doente valorize mais o que achou na internet do que o médico lhe disse na consulta.

SVD – Que conselhos o senhor daria ao paciente que costuma buscar informações na rede global de computadores?

RA – Que continue usando!

SVD – O senhor já recebeu em seu consultório um perfil de paciente totalmente dependente da rede? Ou seja, aquele paciente que vê a internet como uma espécie de oráculo, como se ela pudesse trazer mais respostas que o próprio médico? Isso vem se tornando comum? Quais os riscos?

Totalmente dependente não. Eles de modo geral respeitam e ouvem o que os médicos dizem a respeito das informações trazidas.

Para saber mais

Uma pesquisa divulgada em janeiro de 2011 mostrou que 86% dos brasileiros com acesso à internet utilizam a rede para buscar orientações sobre saúde, remédios e condições médicas. O trabalho foi idealizado pela seguradora de saúde Bupa e implementado pelo instituto independente Ipsos MORI. Ao todo, 12.262 pessoas foram ouvidas, em 12 países diferentes. Entre elas, 1.005 eram brasileiras. Confira outras conclusões da pesquisa:

– O Brasil ficou em 5º lugar na lista de países cuja população mais pesquisa informações de saúde na internet, atrás apenas da Rússia, (96%), China (92%), Índia (90%) e México(89%).

– A maioria dos brasileiros ouvidos (68%) faz pesquisas online para saber sobre medicamentos; 45% procuram se informar sobre hospitais e 41% almejam encontrar na rede casos de pessoas que têm a mesma doença.

– Apenas um em cada quatro brasileiros verifica a credibilidade das informações encontradas na internet.

Dr. Reginaldo Albuquerque, médico endocrinologista, editor do site da Sociedade Brasileira de Diabetes (www.diabetes.org.br) e fundador da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS)

‘A internet contribui decisivamente para aumentar o nível de informação da população sobre diversas doenças, incluindo o diabetes’

‘É comum encontrar na internet sites prometendo curas milagrosas e resultados significativos no tratamento do diabetes. Mas esses tratamentos não devem ser seguidos pelos pacientes’”

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Att.
Caroline Montingelli Coelho
Farmacêutica – CRF-SP: 50.089

fonte: http://www.diabetes.org.br/component/content/article/45-noticias-em-destaque/1753-dr-google-e-o-diabetes

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