Em dez anos, a obesidade no Brasil passou de 11,8% para 18,9%. O dado, que compreende o período entre 2006 e 2016, faz parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde. De acordo com o estudo, um em cada cinco brasileiros está obeso e, o mais preocupante, 53,8% da população adulta tem excesso de peso.
Esses quilos a mais na balança são fatores de riscos para diversas doenças e a saúde bucal deve receber atenção. Doenças crônicas como a obesidade podem aumentar o risco de problemas bucais, entre eles erosão dentária, diminuição do fluxo salivar, cárie, doença periodontal, entre outros.
Uma possível relação entre a obesidade e as doenças bucais ocorre principalmente por causa da ingestão excessiva de alimentos ricos em gordura e açúcar, como os doces, farináceos e alimentos industrializados. Essas substâncias têm alto teor de carboidratos simples e aderem mais facilmente à superfície do dente. Se a higiene bucal não for adequada, o risco de desenvolvimento de cáries aumenta consideravelmente.
Outra doença comum em pessoas acima do peso é a periodontite. De acordo com a cirurgiã-dentista Paula Midori Castelo, membro de Câmara Técnica do Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo), “estudos sugerem que o tecido adiposo libera citocinas e hormônios pró-inflamatórios, especialmente o tecido adiposo abdominal, que ao chegar ao periodonto podem favorecer ou exacerbar o processo inflamatório”.
Ainda segundo ela, outro fator a ser observado é o comportamento mastigatório e alimentar. Um estudo do seu grupo mostrou que adolescentes com excesso de peso apresentaram mais alterações mastigatórias que aqueles com peso normal, favorecendo a ingestão de um bolo alimentar malformado, sem antes triturá-lo corretamente entre os dentes.
– A mastigação inadequada por levar a alterações nutricionais.
Cirurgia bariátrica
Para tratar a obesidade grave, algumas pessoas recorrem à gastroplastia (cirurgia bariátrica), pois ela é capaz de melhorar ou reverter o problema, além de estar associada a uma melhora nos fatores psicossociais e de qualidade de vida.
Para esses pacientes, a atenção à saúde bucal é primordial já que consequências nocivas, como o aumento da incidência de cárie dentária e doença periodontal, tem sido relatado em alguns estudos. Além disso, a diminuição temporária do fluxo salivar, refluxo gastresofágico e vômitos podem predispor a ocorrência de lesões na mucosa oral e erosão dentária.
Estes pacientes também inspiram cuidados nutricionais para o metabolismo ósseo, pois a absorção de nutrientes como ferro, vitamina D e cálcio fica comprometida, podendo ocorrer perda de massa óssea o que aumenta as chances de osteoporose.
Para evitar essas complicações, a perda de peso é fundamental. A prática regular de atividades físicas e a reeducação alimentar são os pilares para o tratamento e controle do excesso de peso, com o aumento no consumo de fibras, vitaminas (como a C e a D) e minerais, além da ingestão adequada de líquidos.
Vale ressaltar que é sempre recomendável acompanhamento profissional no processo de emagrecimento.
Comentários